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Cultura de Televisão
Programa Roda
Viva – 03/02/2014
Entrevista com Romeu Tuma Jr.
Escrevi um
livro, não fiz um inquérito, diz Romeu Tuma Jr. ao ser questionado sobre provas
contra PT.
Entrevistado
nesta segunda-feira (3) no programa Roda Viva, da TV Cultura, o ex-secretário
nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior, 53, não respondeu às perguntas dos
jornalistas sobre a existência de provas para as acusações que faz contra o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT (Partido dos Trabalhadores) em
seu livro “Assassinato de Reputações: um Crime de Estado”, lançado recentemente
pela editora Topbooks e escrito com o jornalista Claudio Tognolli.
No livro,
Tuma Jr. descreve o que seria uma “usina de dossiês” encabeçada pelo PT contra
adversários políticos e afirma que Lula, em sua época de sindicalista,
colaborava com Romeu Tuma, então delegado do Dops (Departamento de Ordem
Política e Social), como informante da ditadura militar –segundo a obra, Lula
usava codinome “Barba”. O livro ainda diz que o ministro da Secretaria-Geral da
Presidência, Gilberto Carvalho, teria admitido, na época do assassinato do
prefeito de Santo André, Celso Daniel, a existência de caixa dois na prefeitura
do município do ABC paulista para o financiamento de campanhas do partido.
“Eu escrevi
um livro, eu não fiz um inquérito. Você está lendo um livro. O dia em que você
quiser ver provas, peça o inquérito e nós conversamos”, respondeu Tuma Jr. ao
repórter Fernando Gallo, do jornal “O Estado de S.Paulo”, que integrou a
bancada de entrevistadores do programa e perguntou se o ex-secretário tinha
provas, além de seu próprio testemunho, para acusações feitas no livro.
“Prova
testemunhal é prova também. Não dava para escrever um livro de 4.000 folhas (…)
Em um livro não dá pra você botar isso. Eu pus várias provas no livro, mas eu
me reservo o direito daquilo que me for demandado a apresentar os documentos
necessários”, continuou.
Tuma Jr., que
já foi delegado da Polícia Civil de São Paulo e deputado estadual, ocupou o
cargo de Secretário Nacional de Justiça entre 2007 e 2010, durante o governo
Lula, posto que deixou após ter seu nome envolvido com a máfia chinesa –a
Polícia Federal o investigou por suspeita de regularizar imigrantes ilegais e
liberar mercadoria apreendida, operações chefiadas por seu ex-assessor Paulo
Li, mas Tuma Jr. acabou inocentado por falta de provas.
Agora, com o
livro, o qual considera uma “peça de defesa”, Tuma Jr. afirma que foi vítima de
perseguição por não cumprir ordens para fazer dossiês, e também por tudo o que
sabia sobre o assassinato de Celso Daniel, do qual participou da investigação.
“O livro é
minha peça de defesa. Fiquei três anos buscando espaço pra me defender das
acusações que me foram imputadas. Se eu tivesse assistido a tudo isso calado
seria conivente. Tudo que eu presenciei, eu denunciei. Denunciei dentro do
governo. Mostrei porque assassinaram a minha reputação”, afirmou. “A Polícia
Federal nunca investigou máfia nenhuma, nunca investigou máfia chinesa. O
investigado era o Tuma”, concluiu.
Outros
jornalistas da bancada questionaram Tuma Jr. sobre a existência de provas para
as acusações. O professor e colunista do jornal “O Estado de S.Paulo” e da
revista “Época” Eugênio Bucci, por exemplo, perguntou que tipo de informação
“grave” Lula teria passado ao Dops, e Tuma Jr. respondeu que isso seria
revelado em um segundo volume de seu livro.
“Eu não fiz
biografia da vida do Lula. Eu não digo que ele prestou informações graves, mas
que prestou informações úteis, previa movimentos. Eu queria que você
compreendesse minha resposta porque eu não posso antecipar e não posso permitir
que você fure o tomo dois. Vem aí um segundo livro”, afirmou.
“Assassinato
de Reputações”, que também faz uma análise de quais seriam os objetivos
políticos de operações da Polícia Federal e da Abin (Agência Brasileira de
Inteligência), afirma que ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) tiveram
telefones grampeados em 2007 por ambos órgãos. Sobre essa acusação, o repórter
Mario Cesar Carvalho, do jornal Folha de S.Paulo, disse que procurou o agente
citado por Tuma Jr. como fonte, mas que esse agente negou a participação ou o
conhecimento dos supostos grampos.
Já o
apresentador do Roda Viva, jornalista Augusto Nunes, por outro lado, afirmou
que viu “algumas provas contundentes no livro”.
Eleições 2014
Romeu Tuma
Jr., que já foi deputado estadual de São Paulo pelo PMDB e hoje é filiado ao
PTC (Partido Trabalhista Cristão), indicou que não está descartada uma eventual
candidatura nas eleições de 2014. “Não tenho nenhuma vontade, mas não tenho
nenhum impedimento de ser candidato. Aceitando sua sugestão, posso até pensar
nisso”, afirmou, em resposta a Eugênio Bucci. Escrevi um livro, não fiz um
inquérito, diz Romeu Tuma Jr. ao ser questionado sobre provas contra PT
Postado por: UOL.com.br em Brasil 04 | 02 | 2014 - 1:15:55 5 Comentários